quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Por quanto tempo o Facebook sobreviverá?

Até quando o gigante das redes sociais fará parte da vida virtual das pessoas?
Por Vinícius Karasinski em 31 de Julho de 2012

Recentemente, o Facebook abriu o seu capital para os investidores na bolsa de valores dos Estados Unidos. A oferta pública inicial, ou IPO, fez a empresa atingir incríveis 104 bilhões de dólares de valor de mercado. A euforia inicial fez muita gente se empolgar com a ideia, investindo fortunas nos papéis da rede social.

 

 A euforia, no entanto, durou pouco. Enquanto este artigo é escrito, a empresa já possui um valor estimado em apenas 48 bilhões. Ainda parece muito, mas é importante entender que em poucos meses o valor caiu pela metade. Para alguns especialistas do mercado financeiro, isso é normal, pois faz parte do processo. Sempre há euforia no início da oferta pública de ações. Esse otimismo exagerado é, aos poucos, substituído pelo equilíbrio, ou seja, os papéis iniciam lá em cima, caem e, em seguida, tendem a se estabilizar. Mas o que isso tem a ver com o sucesso da rede social? O Facebook pode ter chegado a valer 104 bilhões de dólares, mas a empresa não é exatamente a mais lucrativa de todas. Segundo informações disponibilizadas pela própria companhia, em 2011, o Facebook teve 3,7 bilhões de dólares em receita. Veja bem: receita, não lucros.


 (Fonte da imagem: iStock)

 Em dezembro do ano passado, a empresa tinha 845 milhões de usuários cadastrados. Vamos calcular a média para o ano todo em 700 milhões e dividir esse valor pela receita arrecadada. Chegamos ao valor de 5 dólares por ano, por pessoa. Se verificarmos que cerca de 15% da receita bruta vêm de apenas uma empresa, a desenvolvedora de games sociais Zynga, percebemos que o sistema é um pouco frágil.

O maior problema de todos: como fazer o Facebook render?

O sistema de publicidade do Facebook também não é muito rentável para a empresa. Poucas pessoas efetivamente clicam nos anúncios, fazendo com que ele seja muito menos lucrativo que o da Google, por exemplo. Esse aspecto fica ainda mais alarmante quando analisamos o fato de que a maioria dos usuários norte americanos já acessa a rede social somente pelos smartphones, ou seja, a possibilidade de visualização de anúncios nesses aparelhos é ainda menor. O número de acessos do site ainda não é um problema. Recentemente, o Facebook conseguiu atingir a liderança em dois mercados importantes: Índia e Brasil. Em nosso país, a rede social de Mark Zuckerberg conseguiu tirar a liderança do Orkut angariando mais de 35 milhões de cadastros. Em teoria, ao menos a receita bruta da empresa estaria garantida.


 O problema disso é o seguinte: o site tem quase 1 bilhão de perfis cadastrados, mas, destes, poucos consomem publicidade dentro do Facebook. Por mais que um grande número de empresas de todos os gêneros tenha se empolgado com o sucesso da rede social e criado campanhas por lá, a maioria dessas peças publicitárias é mal desenvolvida e não consegue atrair a atenção das pessoas o suficiente. Recentemente, a General Motors, uma das maiores empresas do ramo automobilístico mundial, eliminou completamente de seu orçamento a publicidade com campanhas no Facebook. Se uma das maiores empresas do planeta simplesmente não se interessa em anunciar na principal rede social da atualidade, temos um problema. O Facebook possui o que muitos analistas de mercado consideram uma verdadeira mina de ouro, que é o imenso volume de informações disponível em seu banco de dados, tudo depositado lá pelos próprios usuários do site. Esse recurso, segundo especialistas, pode assustar até mesmo a gigante Google. Mas apenas se a empresa souber como utilizar essa vantagem.

 
(Fonte da imagem: Tecmundo)

 Segundo dados oficiais, apenas 1% dos usuários interagem com a publicidade desenvolvida pelas empresas no Facebook. Parece que a mina de ouro que é o volume de informações detido pela rede social não é tão interessante assim ou, pelo menos, ninguém aprendeu a aplicar esses dados de forma correta até hoje. Logo, a empresa que capitalizou em cima de investidores, arrecadando bilhões de dólares, parece não estar fazendo um bom trabalho ao longo de seus quase dez anos de vida. O Facebook não dá prejuízo, muito longe disso. Mas, por outro lado, também não está trazendo o retorno esperado aos investidores. E isso, a médio e longo prazo, é muito ruim para qualquer empresa. Para piorar a situação, mesmo cumprindo as expectativas de receita anunciadas na última quinta-feira (26), em sua primeira divulgação de resultados trimestrais, a companhia falhou ao deixar de tranquilizar os seus investidores, não apresentando projetos claros a respeito de suas ações futuras.

Os mais jovens têm cada vez menos interesse no Facebook

O Facebook vem crescendo rapidamente no mundo, principalmente no Brasil e na Índia. Mas e no seu país nativo, os Estados Unidos? Na terra do Tio Sam, a rede social teve um declínio no período de março de 2011 para março de 2012 de cerca de 300 mil usuários. O Facebook iniciou como uma rede social privada para estudantes universitários. Rapidamente ele caiu no gosto dos jovens e pouco depois passou a fazer parte da vida de quase todas as pessoas, já que o acesso foi liberado para todos. O problema é que a geração inicial, justamente aquela que fez o Facebook crescer, ficou mais velha e passou a acessar o site cada vez menos.


(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)

 Os mais jovens, por outro lado, não continuaram a tradição. Segundo uma pesquisa divulgada pela Nielsen, os jovens com idade abaixo dos 18 anos são os que menos acessam redes sociais. Menos, inclusive, que as pessoas da terceira idade. Mas e por que isso aconteceu? Porque o Facebook está pouco a pouco perdendo o apelo aos jovens? Uma explicação para isso é que a rede não possui diferenciais suficientes para conquistar esse público. E, se eles não estão na rede, seus amigos também não estão, o que, por si só, descaracteriza o principal fator do Facebook, o de “rede social”.

Apenas mais um serviço de compartilhamento de imagens?

Quando surgiu, o grande atrativo da rede era a possibilidade de se hospedar e compartilhar fotografias. Hoje, existem tantos serviços semelhantes que é até difícil escolher. Isso nos leva a outro dado interessante. O Facebook adquiriu o Instagram há pouco tempo por 1 bilhão de dólares. A rede social é um sucesso entre os jovens, mas, e o lucro? Pelo que se sabe, o Instagram nunca rendeu um centavo sequer. Por que o Facebook investiu tanto dinheiro em algo que não gera lucros? Isso é até fácil de se explicar. Quem estava interessado na aquisição do serviço de compartilhamento de imagens era o Twitter, que já carregou uma boa parte dos usuários do Facebook.



Logo, para tentar recuperar um de seus maiores diferenciais e não perder mais um bom tanto de usuários, a empresa adquiriu o Instagram. Alguns analistas de mercado consideraram a manobra puramente defensiva, ou seja, para garantir a sua hegemonia no setor, a empresa teve que desembolsar um bilhão de dólares.

Mas e o que dizer do Orkut, do MySpace e de outras redes sociais?

O destino de quase todas as outras redes sociais que surgiram no passado foi o mesmo. Por que nós deveríamos esperar que com o Facebook fosse diferente?

  Quando o MySpace apareceu, em 2003, foi uma explosão de acessos. Era a primeira vez que as pessoas podiam criar um perfil na internet contendo dados pessoais, imagens e demais informações. Com o sucesso, a rede social passou pelas mãos de mais de uma empresa. A falta de novidades acabou espantando algumas pessoas. Com a decadência da popularidade, o MySpace decidiu inovar. Mudou tanto que acabou perdendo o foco, fazendo com que a debandada fosse maior ainda. Essa foi uma das redes sociais que quase sucumbiu ao sucesso do Facebook. A empresa foi comprada pela Newscorp por 580 milhões de dólares. Seis anos depois, o mesmo MySpace foi vendido por apenas 35 milhões de dólares. Quem adquiriu parte do site foi o popstar Justin Timberlake, que decidiu focar no nicho mais forte do MySpace: a música e a descoberta de novos talentos.



O Orkut nunca foi exatamente um bem-sucedido, exceto no Brasil e na Índia. Seu sucesso estrondoso no país refletiu o que aconteceu nos Estados Unidos com o MySpace. Assim que caiu no gosto popular, não parou mais de crescer. Mas por que então o Orkut perdeu espaço para o Facebook em solo brasileiro? Um fator a ser considerado foram as constantes mudanças — nem sempre bem planejadas — pela Google que transformaram o site em uma confusão de cores e ferramentas mal preparadas. Outro fator importante a ser considerado é o filme “A Rede Social”, que contou a história do jovem Mark Zuckerberg e a trajetória de sucesso do Facebook. A propaganda levou muitas pessoas a experimentar o site, o que, pouco a pouco, levou os usuários de um canto a outro. Uma rede social precisa ter pessoas conectadas para funcionar. Se você não encontra mais os seus amigos em um local, você vai onde eles estão. E, assim, o Facebook chegou aos computadores de mais de 35 milhões de brasileiros.

 

 A Google aprendeu com o Orkut e, para tentar desbancar o Facebook, lançou o Google Plus. A mais nova empreitada da empresa no ramo das redes sociais conseguiu atingir um número recorde de cadastros em seus primeiros dias. Apesar disso, é difícil ver movimento por lá. Por mais que as pessoas mantenham os seus perfis ativos, poucos acessam a rede diariamente, ao contrário do que ocorre com o Facebook. De que adianta compartilhar a última citação de Clarice Lispector se nenhum conhecido seu vai poder comentar, pois todos estão em outro lugar? Esse parece ser o único empecilho da rede social já que, pelo menos em termos de recursos, o Google Plus não deixa a desejar.

Inovar é necessário. Mas o Facebook está pronto para isso?

Isso tudo nos leva a uma conclusão importante: o que faz com que uma rede social perca o seu apelo junto ao público? Um dos principais fatores é a falta de inovação. Um produto estagnado acaba cansando o público. Outro ponto a ser considerado é a concorrência. Com tantos produtos disponíveis, qual escolher? Por mais que tenhamos perfis nos mais diferentes serviços, hoje em dia é comum que as pessoas concentrem-se naqueles de nicho, como música e fotografia. O Facebook ainda é, de longe, a rede mais acessada no mundo, e isso não vai mudar tão cedo. Entretanto, justamente o tamanho é o que pode ser o seu maior problema. Quanto mais pessoas acessando a rede, maior é a dificuldade de se implementar mudanças. Um exemplo disso foi o recurso “Linha do Tempo”, que gerou protestos em todo o mundo, desagradando muita gente. Um dos principais esforços da rede atualmente é ampliar a receita vinda dos smartphones, já que o acesso móvel não para de aumentar. Para tentar melhorar a situação, o Facebook está de olho no navegador Opera, já que este possui experiência em navegação móvel.



 Uma medida que vem sendo discutida há tempos é o lançamento de um smartphone com a marca Facebook. Entretanto, essa hipótese foi negada por Mark Zuckerberg, que afirmou que isso está completamente fora de questão. O objetivo, segundo ele, é fortalecer o que o Facebook já faz — e não implementar novos serviços. É difícil predizer o futuro da empresa ou se ela vai perder espaço para outras redes sociais. No entanto, é de consenso geral que o Facebook precisa inovar e até mesmo diversificar os seus serviços, pois nenhuma empresa, não importa o seu tamanho, está a salvo de problemas. Nokiae Kodak que o digam. Fonte: Huffington Post, TIME, comScore, Wordtracker, MySpace, Facebook
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